quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

com os dentes cravados na memória

 a poética do ciúme da poética

 

Federico - Odara qual foi que marcamos as 13 e 15 e  você não apareceu?

 Odara - pra que eu iria aparecer se as 13 e 15 você marcou com Clarice também.

 Clarice - Odara, mas ele marcou pra gente ensaiar

 Odara - quanta coincidência! Meus Deus não é possível, vocês querem me fazer de idiota?

 Federico - não estou te entendendo, depois você diz, que estou inventando, quando digo que você quer e finge que não quer.

 Odara - eu quero o que?

 Clarice - Odara eu estou achando que você é bipolar! Que coisa estranha, uma hora está de  um jeito e de repente está de outro

 Odara - Clarice acho que bipolar são teus óculos que não estão me enxergando direito.

 Clarice - Meu Deus, deixa eu sair de cena senão vai acabar eu apanhando aqui

 Federico - por quê trancar as portas tentar proibir as entradas se seu já habito os teus cinco sentidos e as janelas estão escancaradas?

 Odara - um beija flor risca no espaço algumas letras de um alfabeto grego, signo de comunicação indecifrável. Eu tenho fome de terra e esse asfalto sob a sola dos meus pés agulha nos meus dedos.

 Federico - quando piso na Augusta, o poema dá um tapa na cara da Paulista. Flutuar entre o real e o imaginário João Guimarães Rosa, Caio Prado, Martins Fontes, um bacanal de ruas tortas.

 Odara - eu não sou flor que se cheire nem mofo de língua morta

 Federico - o correto deixei na cacomanga matagal onde nasci. com os seus dentes de concreto São Paulo é quem me devora e selvagem devolvo a dentada na carne da rua Aurora.

 Odara - nesses dois olhos discretos há um poema concreto simbolista quase secreto agulha na minha vista sangue profano na veia sangue profano na veia nesses dois olhos discretos simbolistas quase secretos como um poema concreto no prato da santa ceia

 Federico - rasguei as velas que teci em tempestades rompi as noites em alto mar de maresias pensei teu corpo pra amenizar tanta  saudade e vi teus olhos em cada vela que tecia.

este teu olho que me olha azul safira ou mesmo verde esmeralda fosse pedra – pétala rara carne da matéria doce ou mesmo apenas fosse esse teu olho que me molha quando me entregas do mar toda alga que me trouxe.

 Odara - Você só quer saber de metáforas meta física entre linhas, percebo em cada poema que a tua mística não é minha, tem alguma outra Gisele nesta flor da tua pele que é Sagarana e  curuminha.

 Federico - por enquanto  vou te amar assim em segredo  como se o sagrado fosse  o maior dos pecados originais  e minha língua fosse  só furor dos Canibais  e essa lua mansa fosse faca  a afiar os versos que inda não fiz  e as brigas de amor que nunca quis  mesmo quando o projeto aponta outra direção embaixo do nariz e é mais concreto  que a argamassa do abstrato por enquanto vou te amar assim admirando teu retrato pensando a  minha idade e o que trago da cidade embaixo as solas dos sapatos

 

Esfinge

 

o amor 
não e apenas um nome 
que anda por sobre a pele
um dia falo letra por letra 
no outro calo fome por fome 
é que a flor da minha pele
consome a pele do meu nome

cravado espinho na chaga 
como marca cicatriz 
eu sou ator ela esfinge 
ana alice/beatriz

assim vivemos cantando 
fingindo que somos decentes 
para esconder o sagrado 
em nossos profanos segredos
se um dia falta coragem 
a noite sobra do medo

na sombra da tatuagem 
sinal enfim permanente 
ficou pregando uma peça 
em nosso passado presente

o nome tem seus mistérios 
que se escondem sob panos
o sol e claro quando não chove 
o sal e bom quando de leve 
para adoçar desenganos 
na língua na boca na neve
o mar que vai e vem 
não tem volta

o amor é a coisa mais torta 
que mora lá dentro de mim 
teu céu da boca e a porta 
onde o poema não tem fim



 Com Os Dentes Cravados Na Memória

 

A Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo, nasceu em dezemvro de 1990, durante uma viagem em que cia de Guiomar Valdez, levamos uma turma de estudantes da então ETFC(IFF), a Ouro Preto-MG, como premiação por terem vencidos a Gincana Cultural desenvolvida durante o ano, pelo Grêmio Estudantil Nilo Peçanha. Lá conheci Gigi Mocidade – A Rainha da Bateria, com quem vivi até 1996.

 

A Igreja Universal do Reino de Zeus, criei em 2002 durante a 1ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ, que foi realizada nas dependências do Ginásio de Esportes do então CEFET-Campos, onde na ocasião lancei o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas.

O grande objetivo da IURZ é homenagear deuses deusas da África e Grécia para de alguma forma descobrir de onde vem as nossas ancestralidades. De alguma forma e em alguns momentos mitologia grega e africana se misturam e viajando metaforicamente nessas realidades reinventadas vim desaguar no Vampiro Goytacá canibal Tupiniquim.

 

Artur Gomes

https://arturgumes.blogspot.com/



Arte Manha

 depois de ler O Mapa da Tribo

como um tigre incendiado

me visto agora com a flor da pele

de Salgado Maranhão

nem sei se Wally sabia

dessa Arte Manha

                    Salomão

 

não posso dizer

o que o poema espreita

nestas tardes de Brasília

o sol o céu em quantas bocas

tudo que é meu

está guardado

em tudo o que eu criei

e o que ainda está pra ser criado

 

e depois do que for re-inventado

na Cor da Pele  um SerAfim

res-guardarei

como uma onça em pantanal

quem sabe até flor do cerrado

Mandacaru brotando em  Mim

 

Artur Gomes Fulinaíma

O Homem Com A Flor Na Boca

www.fulinaimatupiniquim.blogspot.com



Jura secreta 56

 

ainda que fosse viagem
de metrô ou fantasia
e o assunto que eu mais queria
fosse o que não dissesse

e o mar apenas trouxesse
gaivotas sobre os cabelos
vento sol maresia
e o líquido que não bebemos
fosse conhac ou cerveja

mesmo assim a vida seja
entre o que os pelos lateja
o que a tua boca não fala
o que a tua língua não prova
e a prova das dezessete
te levasse mais cedo

inda assim não tenha medo
a palavra entre meus dedos
é o que ainda não disse
miragem essa coisa nova
agora revisitada
naquela hora marcada
de tudo o que não fizemos


Artur Gomes 

www.fulinaimagens.blogspot.com 



a coincidência mineira

deputados cínicos e fascistas 
travestidos de democratas
insuflados por escravocratas
como um mineiro das Neves
apalavrado por Bicudo
transformam dignidade
em uma lata de lixo
ao bel prazer: impunimente 
articulando um GOLPE
descaradamente
como se o Brasil fosse habitado 
exclusivamente por dementes
e não percebesse que a trama
no bastidor foi engendrada
pelo seu vice-presidente
com a idêntica traição
que esquartejou Tiradentes

 

Federika Lispector

Leia mais no blog

https://arturfulinaima.blogspot.com/



A coisa

 

Braulio Tavares

 

Eu quero inventar uma coisa, uma coisa viva, uma coisa que se desprenda de mim e se mova pelo resto do mundo com pernas que ela terá de crescer de si própria;    e que seja ela uma máquina viva, uma máquina capaz de decidir e de duvidar, capaz de se enganar e de mentir. Uma coisa que não existe. Uma coisa pela primeira vez.Uma máquina bastarda feita de dobradiças e enzimas e metonímias e quarks e transistores e estames e plasma e fotogramas e roupas e sopa primordial...     Quero apenas que seja uma coisa minha, uma coisa que eu inventei numa madrugada enquanto vocês dormiam e quando a vi recuei, e quando a soube pronta duvidei, e vi a eletricidade do relâmpago abrindo seus olhos e martelei seu joelho temendo-a, e mandando-a falar, e gritei: "Levanta-te e anda!"- e a coisa era uma galáxia tremeluzindo no centro da folha branca, me olhando com meus olhos de homem, me sorrindo com tantas bocas de mulher, me envolvendo com sua sintaxe de coisa nova que força o mundo a mover-se, fincando uma cunha no Real e se instalando naquela fenda, como um setor a mais invadido um círculo já completo. Eu quero que essa coisa existisse, assim como      eu quis que eu seja. Quero vê-la brotar desarrumando. Coisa criada, cobra criante, serpente criança, criatura sentiente,  existinte,  sente, pensante, cercada pela linha brusca do seu até-aqui Essa coisa me conhecerá e não me reconhecerá     como seu Criador. Essa coisa terá poder de me destruir,     e de me recompor, e me mandar pedir-lhe a bênção. Então pedirei. Sairei pelo mundo. Com minhas próprias pernas. Finalmente leve e livre, tendo parido algo maior do que eu mesmo, e disposto a me abraçar ao mundo, como quem desce do ônibus na rodoviária da cidade onde nasceu. Mas o mundo! O que é esse mundo onde eu ando agora? Olha a cor das casas, o rosto do povo, o som da fala, a manchete dos jornais, o cheiro do vento... que mundo é esse para onde retornarei depois de livre? Fico parado, o coração pulando, e só daqui a pouco perceberei, com uma surpresa antiga — que aquilo não é mais meu mundo: e o mundo da coisa, é o mundo da minha Coisa.


A farsa do amor

 

1

 

olho seco de cobra
morta —
chuva muito fina
agulhas
na carne viva

& você diz Amor
(velha senha secreta)

lambe as feridas
com língua de lixa

& tranca o trinco da jaula

 

2

 

não tente esse truque
outra vez

seja mais suja
meu doce amor

espete um alfinete
no olho do gafanhoto

toque fogo
nas asas de um anjo

capture vivo um ET
& o leve a um talkshow

mas não tente prender os lobos
quando for lua cheia

 

Ademir Assunção 
sampa, 13.11.97

Do livro Zona Branca



 
A flauta vertebrada

Vladimir Maiakovski

 

A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.
Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.


A lavra da palavra quero

 

Jura secreta 23 

a lavra da pa/lavra quero

a lavra da palavra quero 
quando for pluma 
mesmo sendo espora 

felicidade uma palavra 
onde a lavra explora 
se é saudade dói mas não demora 
e sendo fauna linda como a Flora 
lua Luanda vem não vá embora 

                 se for poema fogo do desejo 
quando for beijo que seja como agora
 

 

poema 18

 

respiro-te enquanto escrevo

teu cheiro trazido pelo vento

vem da carne de  manga

que mastiguei cinco minutos

 

tens o poder de me deixar em alfa

e me levar aos píncaros  nesse estado êxtase

quando estou em transe quando alfa é beta

e o luar da tarde são teus olhos raios

                                que os meus acerta

 

o que existe por trás da poesia

 

língua de sal

lambendo a pele

do amor à flor da pele

 

Diador-in

avessa em mim

branquinha como a neve

me leve

para dentro da tua casa

a poesia é o infinito da pessoa

te empresto minhas asas

pare de caminhar e voa

 

Jura Secreta 34

 

porque te amo
e amor não tem pele

nome ou sobrenome
não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos

mas não tenha medo
pode sangrar pode doe
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
porque te amo
no sol no sal no mar na neve

 

Afiando a CarNAvalha

 

cocada agora
só se for de coco
paçoca de amendoim

cigarro só se for de palha
cacique só se for da mata
linguagem só tupiniquim

bala só se for de prata
água só se aguardente
tônica só se for com gim

estado só se for de surto
eleição só se for sem furto
brilho só no camarim

golaço só se for de letra
Ronaldo só se for Werneck
malandro só se mandarim

política só se for decente
partido só sem presidente
governo eu que mando em mim

batismo só se for de pia
Congresso só de Poesia
Reinaldo pode ser Valinho
inda melhor se for Jardim

 

Alana

 

ela me chega assim bailarina

como uma tarde de música

envolta em física quântica

etérea qual labirinto

para dizer o que sinto

e desvendar teu endereço

procuro em teu livro secreto

palavras que não conheço

 

funk dance funk

 

a noite inteira in-Vento Joplin na fagulha
jorrando Cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
Fábio parada de Lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.

 

rajadas de sons cortando os ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.

 

quando ela canta Eleonora de Lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de Lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e federika ensaia o passo

que aprendeu com Mallarmè

punkrEreção pancada

 onde estão nossos negrumes?
nunkrEreção negróide nada.

 

descubro o irado Tião Nunes
para o banquete desta zorra
e vou buscar em Madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.

antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,

 

ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!

 

artefato (poema sujo)

 

numa cidade abstrata

sem sentido ou significado

matadouro é arte concreta

veracidade é pecado

pago com pena de morte

 

esta máquina de escrever

fotografada em Itaguara

como um poema de Lorca

escrito em Nova Granada

cravado em Araraquara

 

você não sabe onde está

você não sabe onde  é

você não sabe de quem foi

este punhal na metáfora

que sangra a carne do boi



poema 18

 

respiro-te enquanto escrevo

teu cheiro trazido pelo vento

vem da carne de  manga

que mastiguei cinco minutos

 

tens o poder de me deixar em alfa

e me levar aos píncaros  nesse estado êxtase

quando estou em transe quando alfa é beta

e o luar da tarde são teus olhos raios

                                que os meus acerta

 

sou parte de um time onde a trama arde a carne treme a paixão é transe a transa trêmula quando a carne trinca se  o  país é treva a ideia tranca

 

a pedra filosofal na entranha das Minas de Pedro Paulo Pablo cume de onde salto para o abismo do poema

 

a poesia é meta física
meta quântica
itaipu é um paraíso
dentro do que restou
da mata atlântica

 

Gigi Mocidade


Com Os Dentes Cravados na Memória

FestCampos de Poesia Falada - Verdades e Equívocos

Primeiro, é bom lembrar que instituição alguma cria projeto. Projetos são criados e executados por pessoas que em determinados momentos ocupam função para tal, dentro de uma instituição pública ou privada. E no caso de uma Instituição Cultural, age de acordo com a política cultural que os Dirigentes da determinada instituição pretendem implantar ou seguir executando o que foi pensado por gestões anteriores.

Segundo, alguns comentários que li, na imprensa e nos blogs locais, citam outros Festivais de Poesia acontecidos anteriormente como se fossem o FestCampos de Poesia Falada, é também como forma de desfazer este equívoco que segue o relato, ao mesmo tempo me assusto, e entendo os porquês, que nessa polêmica toda que se trava com relação ao FestCampos de Poesia Falada, pela forma com que ele foi lançado para ser realizado este ano, a toque de caixa, depois de sabermos que ele estava morto e enterrado, segundo o presidente da Fundação Cultural Oswaldo Lima, Avelino Ferreira, por ordem do Secretário de Cultura, Orávio de Campos, e até entendemos a resolução tomada no inicio de suas gestões, por saber do esvaziamento e descaracterização que o mesmo começou a ter a partir de 2005.

 Por quê deixei a sua coordenação em 2005?

 A partir da mudança do governo Municipal e mudança na direção da FCJOL, o FestCampos de Poesia Falada, passou a não ter mais a infra estrutura e condições orçamentárias necessária para realizar as Oficinas de Poesia Falada, que faziam parte do Projeto Original, não ter o reajuste na premiação, como vinha acontecendo até 2004, e nem os recursos para pagamento do trabalho de coordenação do mesmo, bem como para o pagamento das performances com música, poesia e teatro, que aconteciam durante os 3 dias em que era executado, nos intervalos de julgamento. Quem viu sabe do que estou falando, e Orávio e Avelino, também sabem, porque o primeiro várias vezes fez parte da Comissão Julgadora, e o segundo era o Fotógrafo da Fundação Cultural  Jornalista Oswaldo Lima, no período em que Fernando Leite foi o seu Presidente de 2000 a 2003, período em que o FestCampos de Poesia Falada,  ganhou a projeção Nacional.

 

Por conhecer esta cidade como poucos, não estranho os comentários totalmente equivocados e as desinformações sobre a sua criação e a forma

como o FestCampos de Poesia Falada, era executado. Isso é claro que se dá devido a falta de memória e o analfabetismo cultural da Aldeia dos Goytacazes, o que é uma constante ao longo da sua existência. Na minha opinião como o seu criador (em 1999), e coordenador até 2004, o FestCampos de Poesia Falada, foi morto e enterrado desde 2005, quando começou a ser totalmente esvaziado e não seguir a risca o projeto para o qual foi concebido. E portanto se a atual gestão da FCJOL quisesse mesmo ressuscitá-lo, deveria pelo menos ter conhecimento da sua proposta original.

 

O FestCampos de Poesia Falada originalmente, era realizado em 3 fases: 2 semi-finais e uma final. Eram selecionadas 60 poesias, e em cada semi-final apresentadas 30 poesias, e na grande final eram apresentadas as 30 finalistas.

Por se tratar de um concurso destinado a poetas de todo o território nacional, e também por ter a sua fase de realização apresentada ao vivo, nem sempre poetas de cidades mais distantes poderiam comparecer, e para isso eram realizadas Oficinas de Poesia Falada para selecionarmos intérpretes para as poesias selecionadas cujos autores não pudessem estar presentes.

 

Por isso o FestCampos de Poesia Falada era um incentivo a criação e interpretação poética. A partir de 2005 quando deixei a coordenação do mesmo, o Festival deixou de seguir essas normas da sua concepção.

 Vale lembrar que em 1999 quando o FestCampos de Poesia Falada foi criado, a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, era presidida por Lenilson Chaves, e o prefeito era Arnaldo Vianna, e não Garotinho, como chegou a ser publicado em um dos comentários que li.

 E é bom também frisar, que, anteriormente o evento de Poesia Falada, que a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, realizou de 1989 a 1992 chamava-se Encontro Nacional de Poesia em Voz Alta, criado pelo Professor João Vicente Alvarenga, no primeiro Governo Garotinho, quando a FCJOL era presidida por Cristina Lima.

 Fui também seu coordenador em 1989 e 1990. Posteriormente passou a ser coordenado pelo jornalista e poeta Prata Tavares, que entre 1977 até meados dos anos 80 realizou pelo Departamento Municipal de Cultura um outro Festival de Poesia.

 Não só a experiência de participar como poeta e como coordenador desses Festivais anteriores, mas também o trabalho com a Mostra Visual de Poesia Brasileira, que criei em 1983, e executei até 1993, quando comecei a mapear a criação poética brasileira contemporânea, e dessa forma ir travando contato com poetas de todos os cantos do pais, foi o que me deu condições de pensar o FestCampos de Poesia Falada, da forma que pensei, quando em 1999 fui convidado pelo professor Luciano D´Angelo para integrar a equipe de Lenilson que iria assumir a presidência da FJCOL.

 Em 1999 e 2000 o FestCampos de Poesia Falada, foi realizado no Auditório do Cefet. E em sua primeira edição o vencedor foi o poeta e jornalista Fernando Leite. Em sua segunda edição em 2000 o grande vencedor foi o poeta paraibano Sérgio de Castro Pinto, com o poema Camões/Lampião, que posteriormente foi publicado na Antologia dos 100 Melhores Poemas do Século, organizada pelo jornalista José Nêumane Pinto. Um outro poeta ilustre premiado na primeira edição do FestCampos de Poesia Falada foi Gilberto Mendonça Teles.

 A partir de 2001 o Festival passou a ser realizado no Palácio da Cultura, e nesse ano foi vencido pelo jornalista e poeta Martinho Santafé, com o poema Manual Para Assassinar Frangos, um longo e belíssimo relato sobre as enchentes do rio Paraíba.

 Nesta fase o FestCampos de Poesia Falada já era considerado um dos maiores eventos de Poesia Falada do país, pois nunca deixara de receber menos  de 500 inscrições, com a participação de grandes vozes da poesia brasileira contemporânea, o que serviu para ir alicerçando ainda mais as suas edições.

 Em 2002 realizado junto a programação da Bienal do Livro o FestCampos de Poesia Falada, foi vencido pela filósofa e poeta Viviane Mosé, com o poema Receita Para Lavar Palavra Suja. A filósofa Viviane Mosé que até então não era um nome ainda muito conhecido na poesia, veio se popularizar posteriormente quando passou a dirigir o quadro Ser Ou Não Ser? No Fantástico.

 Em 2003 foi a edição mais concorrida do FestCampos de Poesia Falada, não só em termos de inscrições como em termos da presença da quase totalidade os poetas classificados, de vários Estados do Brasil. O Vencedor deste ano foi Antônio Roberto Góis Cavalcanti(Kapi), com o poema Canção Amiga, que possibilitou ainda o prêmio de Melhor Intérprete a Felipe Manhães. Vale lembrar ainda a presença de Eliakin Rufino (autor), e Gean Queiroz, (intérprete) dois grandes poetas de Roraima, que foram também premiados com o poema Cavalo Selvagem.

 Em 2004, último ano que coordenei o FestCampos de Poesia Falada, ele foi vencido pelo poeta paulista Luciano Carvalho, com o poema Bebe Toró. Em todas as edições do Festival, foi sempre maciça o número de inscrições de poetas de Campos e da região, e se nas fases de apresentação a presença desses poetas não se dava dessa forma, era exatamente devido a grande concorrência que ele atraia e a qualidade dos concorrentes.

 Mas vale ressaltar, que bons poetas como Antônio Roberto Góis Cavalcanti, Aluysio Abreu Barbosa, Adriano Moura, e gratas revelações como Manuela Cordeiro e Fernanda Huguenin, tiveram várias vezes suas poesias não só classificadas para a Fase Final, bem como muitas vezes também premiadas, não justificando a tentativa muitas vezes depois que saí da sua coordenação, de torná-lo apenas regionalista para prestigiar os poetas de Campos.

 Veja bem, se nas 6 edições que coordenei, 3 poetas de outras cidades foram os vencedores, Sérgio de Castro Pinto(João Pessoa), Viviane Mosé(Vitória), Luciano Carvalho(São Paulo), e 3 poetas de Campos também venceram, Fernando Leite, Antônio Roberto Góis Cavalcanti(Kapi) e Martinho Santafé, sem falar naqueles que foram premiados com outras colocações.

 Vale lembrar também alguns nomes que passaram pelas Comissões Julgadoras das 6 Edições que coordenei, entre 1999 e 2004, como Arlete Sendra (doutora em Literatura), Orávio de Campos Soares(Diretor de Teatro),  Cristiane Grando (poeta e escritora) , Leonardo Lobos (poeta chileno), Pedro Lira (Doutor em Literatura , Sady Bianchi (professor de Teatro na Faculdade Hélio Alonso), Deneval Siqueira(Doutor em Literatura), Amélia Alves,(poeta),  Ednalda Almeida(mestra em Literatura) e tantos outros nomes com os mesmos níveis de conhecimento  para a função como os   acima citados.

 Ressalto ainda, que as Comissões Julgadoras do FestCampos de Poesia Falada, no período em que o coordenei, eram sempre formadas por profissionais, da Literatura, do Teatro, e da Comunicação.

 

Artur Gomes

FULINAÍMA MultiProjetos

www.centrodeartefulinaima.blogspot.com



COMO UM RIO 2

 

No reino em que me enredo

e escavo a pedra dos ancestres --

dos que se hão infensos à jurisdição

do medo --sinto

crescer o trigo

entre matilhas;

sinto o rebento.

 

Dá-me esse cristal fendido

em sangue, dá-me

esse invento que grita

como a lágrima de Deus

sobre o cimento.

 

Sei onde brotam

as ervas bárbaras; sei

onde habita a fronteira

da ira.

 

E me aferro à terra mítica; a terra

da vida à granel,

das cabras pastando luas.

Dentro das mãos estão meus olhos --

atravessados de espanto.

 

SALGADO MARANHÃO 




 comunhão de bem

 

meu santo no canto da sala

não se aquieta

inquieto como um gato

felino pula o muro no escuro

procurando a santa no harem

para juntos rezarem

em comunhão de bem

 

Federika Bezerra

www.personasarturianas.blogspot.com


leia mais em www.secretasjuras.blogspot.com 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Juras Secretas

  ainda que fosse só saudade ou essa jura secreta não fosse mais nada mesmo assim nessa madrugada pensei o quanto ainda queria e não fizemos...