a poética do ciúme da poética
Federico - Odara qual foi que marcamos as 13 e 15 e você não apareceu?
Odara - pra que eu iria aparecer se as 13 e 15 você marcou com Clarice também.
Clarice - Odara, mas ele marcou pra gente ensaiar
Odara - quanta coincidência! Meus Deus não é possível, vocês querem me fazer de idiota?
Federico - não estou te entendendo, depois você diz, que estou inventando, quando digo que você quer e finge que não quer.
Odara - eu quero o que?
Clarice - Odara eu estou achando que você é bipolar! Que coisa estranha, uma hora está de um jeito e de repente está de outro
Odara - Clarice acho que bipolar são teus óculos que não estão me enxergando direito.
Clarice - Meu Deus, deixa eu sair de cena senão vai acabar eu apanhando aqui
Federico - por quê trancar as portas tentar proibir as entradas se seu já habito os teus cinco sentidos e as janelas estão escancaradas?
Odara - um beija flor risca no espaço algumas letras de um alfabeto grego, signo de comunicação indecifrável. Eu tenho fome de terra e esse asfalto sob a sola dos meus pés agulha nos meus dedos.
Federico - quando piso na Augusta, o poema dá um tapa na cara da Paulista. Flutuar entre o real e o imaginário João Guimarães Rosa, Caio Prado, Martins Fontes, um bacanal de ruas tortas.
Odara - eu não sou flor que se cheire nem mofo de língua morta
Federico - o correto deixei na cacomanga matagal onde nasci. com os seus dentes de concreto São Paulo é quem me devora e selvagem devolvo a dentada na carne da rua Aurora.
Odara - nesses dois olhos discretos há um poema concreto simbolista quase secreto agulha na minha vista sangue profano na veia sangue profano na veia nesses dois olhos discretos simbolistas quase secretos como um poema concreto no prato da santa ceia
Federico - rasguei as velas que teci em tempestades rompi as noites em alto mar de maresias pensei teu corpo pra amenizar tanta saudade e vi teus olhos em cada vela que tecia.
este teu olho que me olha azul safira ou mesmo verde esmeralda fosse pedra – pétala rara carne da matéria
doce ou mesmo apenas fosse esse teu olho que me molha quando me
entregas do mar toda alga que me trouxe.
Odara - Você só quer saber de metáforas meta física entre linhas, percebo em cada poema que a tua mística não é minha, tem alguma outra Gisele nesta flor da tua pele que é Sagarana e curuminha.
Federico - por enquanto vou te amar assim em segredo como se o sagrado fosse o maior dos pecados originais e minha língua fosse só furor dos Canibais e essa lua mansa fosse faca a afiar os versos que inda não fiz e as brigas de amor que nunca quis mesmo quando o projeto aponta outra direção embaixo do nariz e é mais concreto que a argamassa do abstrato por enquanto vou te amar assim admirando teu retrato pensando a minha idade e o que trago da cidade embaixo as solas dos sapatos
Esfinge
o amor
não e apenas um nome
que anda por sobre a pele
um dia falo letra por letra
no outro calo fome por fome
é que a flor da minha pele
consome a pele do meu nome
cravado espinho na
chaga
como marca cicatriz
eu sou ator ela esfinge
ana alice/beatriz
assim vivemos
cantando
fingindo que somos decentes
para esconder o sagrado
em nossos profanos segredos
se um dia falta coragem
a noite sobra do medo
na sombra da
tatuagem
sinal enfim permanente
ficou pregando uma peça
em nosso passado presente
o nome tem seus
mistérios
que se escondem sob panos
o sol e claro quando não chove
o sal e bom quando de leve
para adoçar desenganos
na língua na boca na neve
o mar que vai e vem
não tem volta
o amor é a coisa
mais torta
que mora lá dentro de mim
teu céu da boca e a porta
onde o poema não tem fim
Com Os Dentes Cravados Na Memória
A Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo, nasceu em dezemvro de 1990, durante uma viagem em que cia de Guiomar Valdez, levamos uma turma de estudantes da então ETFC(IFF), a Ouro Preto-MG, como premiação por terem vencidos a Gincana Cultural desenvolvida durante o ano, pelo Grêmio Estudantil Nilo Peçanha. Lá conheci Gigi Mocidade – A Rainha da Bateria, com quem vivi até 1996.
A Igreja Universal do Reino de Zeus, criei em 2002 durante a 1ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ, que foi realizada nas dependências do Ginásio de Esportes do então CEFET-Campos, onde na ocasião lancei o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas.
O grande objetivo da IURZ é homenagear deuses deusas da África e Grécia para de alguma forma descobrir de onde vem as nossas ancestralidades. De alguma forma e em alguns momentos mitologia grega e africana se misturam e viajando metaforicamente nessas realidades reinventadas vim desaguar no Vampiro Goytacá canibal Tupiniquim.
Artur Gomes
https://arturgumes.blogspot.com/
depois de ler O Mapa da Tribo
como um tigre incendiado
me visto agora com a flor da pele
de Salgado Maranhão
nem sei se Wally sabia
dessa Arte Manha
Salomão
não posso dizer
o que o poema espreita
nestas tardes de Brasília
o sol o céu em quantas bocas
tudo que é meu
está guardado
em tudo o que eu criei
e o que ainda está pra ser criado
e depois do que for re-inventado
na Cor da Pele um SerAfim
res-guardarei
como uma onça em pantanal
quem sabe até flor do cerrado
Mandacaru brotando em Mim
Artur Gomes Fulinaíma
O Homem Com A Flor Na Boca
www.fulinaimatupiniquim.blogspot.com
Jura secreta 56
ainda que fosse viagem
de metrô ou fantasia
e o assunto que eu mais queria
fosse o que não dissesse
e o mar apenas trouxesse
gaivotas sobre os cabelos
vento sol maresia
e o líquido que não bebemos
fosse conhac ou cerveja
mesmo assim a vida seja
entre o que os pelos lateja
o que a tua boca não fala
o que a tua língua não prova
e a prova das dezessete
te levasse mais cedo
inda assim não tenha medo
a palavra entre meus dedos
é o que ainda não disse
miragem essa coisa nova
agora revisitada
naquela hora marcada
de tudo o que não fizemos
Artur Gomes
www.fulinaimagens.blogspot.com
a coincidência mineira
deputados cínicos e fascistas
travestidos de democratas
insuflados por escravocratas
como um mineiro das Neves
apalavrado por Bicudo
transformam dignidade
em uma lata de lixo
ao bel prazer: impunimente
articulando um GOLPE
descaradamente
como se o Brasil fosse habitado
exclusivamente por dementes
e não percebesse que a trama
no bastidor foi engendrada
pelo seu vice-presidente
com a idêntica traição
que esquartejou Tiradentes
Federika Lispector
Leia mais no blog
https://arturfulinaima.blogspot.com/
A coisa
Braulio Tavares
Eu quero inventar uma
coisa, uma coisa viva, uma coisa que se desprenda de mim e se mova pelo resto
do mundo com pernas que ela terá de crescer de si própria; e que seja ela uma máquina viva, uma
máquina capaz de decidir e de duvidar, capaz de se enganar e de mentir. Uma
coisa que não existe. Uma coisa pela primeira vez.Uma máquina bastarda feita de
dobradiças e enzimas e metonímias e quarks e transistores e estames e plasma e
fotogramas e roupas e sopa primordial...
Quero apenas que seja uma coisa minha, uma coisa que eu inventei numa
madrugada enquanto vocês dormiam e quando a vi recuei, e quando a soube pronta
duvidei, e vi a eletricidade do relâmpago abrindo seus olhos e martelei seu
joelho temendo-a, e mandando-a falar, e gritei: "Levanta-te e anda!"-
e a coisa era uma galáxia tremeluzindo no centro da folha branca, me olhando
com meus olhos de homem, me sorrindo com tantas bocas de mulher, me envolvendo
com sua sintaxe de coisa nova que força o mundo a mover-se, fincando uma cunha
no Real e se instalando naquela fenda, como um setor a mais invadido um círculo
já completo. Eu quero que essa coisa existisse, assim como eu quis que eu seja. Quero vê-la brotar
desarrumando. Coisa criada, cobra criante, serpente criança, criatura
sentiente, existinte, sente, pensante, cercada pela linha brusca do
seu até-aqui Essa coisa me conhecerá e não me reconhecerá como seu Criador. Essa coisa terá poder de
me destruir, e de me recompor, e me
mandar pedir-lhe a bênção. Então pedirei. Sairei pelo mundo. Com minhas
próprias pernas. Finalmente leve e livre, tendo parido algo maior do que eu
mesmo, e disposto a me abraçar ao mundo, como quem desce do ônibus na
rodoviária da cidade onde nasceu. Mas o mundo! O que é esse mundo onde eu ando
agora? Olha a cor das casas, o rosto do povo, o som da fala, a manchete dos
jornais, o cheiro do vento... que mundo é esse para onde retornarei depois de
livre? Fico parado, o coração pulando, e só daqui a pouco perceberei, com uma
surpresa antiga — que aquilo não é mais meu mundo: e o mundo da coisa, é o
mundo da minha Coisa.
A farsa do amor
1
olho seco de cobra
morta —
chuva muito fina
agulhas
na carne viva
& você diz Amor
(velha senha secreta)
lambe as feridas
com língua de lixa
& tranca o trinco da jaula
2
não tente esse truque
outra vez
seja mais suja
meu doce amor
espete um alfinete
no olho do gafanhoto
toque fogo
nas asas de um anjo
capture vivo um ET
& o leve a um talkshow
mas não tente prender os lobos
quando for lua cheia
Ademir Assunção
sampa, 13.11.97
Do livro Zona Branca
Vladimir
Maiakovski
A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.
Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.
A lavra
da palavra quero
Jura secreta 23
a lavra da pa/lavra quero
a lavra da palavra quero
quando for pluma
mesmo sendo espora
felicidade uma palavra
onde a lavra explora
se é saudade dói mas não demora
e sendo fauna linda como a Flora
lua Luanda vem não vá embora
se for poema fogo do desejo
quando for beijo que seja como agora
poema
18
respiro-te enquanto
escrevo
teu cheiro trazido pelo
vento
vem da carne de manga
que mastiguei cinco
minutos
tens o poder de me
deixar em alfa
e me levar aos
píncaros nesse estado êxtase
quando estou em transe
quando alfa é beta
e o luar da tarde são
teus olhos raios
que os meus
acerta
o que
existe por trás da poesia
língua de sal
lambendo a pele
do amor à flor da pele
Diador-in
avessa em mim
branquinha como a neve
me leve
para dentro da tua casa
a poesia é o infinito da pessoa
te empresto minhas asas
pare de caminhar e voa
Jura Secreta 34
porque
te amo
e amor não tem pele
nome
ou sobrenome
não adianta chamar
que ele não vem quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos
mas
não tenha medo
pode sangrar pode doe
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
porque te amo
no sol no sal no mar na neve
Afiando
a CarNAvalha
cocada agora
só se for de coco
paçoca de amendoim
cigarro só se for de palha
cacique só se for da mata
linguagem só tupiniquim
bala só se for de prata
água só se aguardente
tônica só se for com gim
estado só se for de surto
eleição só se for sem furto
brilho só no camarim
golaço só se for de letra
Ronaldo só se for Werneck
malandro só se mandarim
política só se for decente
partido só sem presidente
governo eu que mando em mim
batismo só se for de pia
Congresso só de Poesia
Reinaldo pode ser Valinho
inda melhor se for Jardim
Alana
ela me chega assim
bailarina
como uma tarde de música
envolta em física
quântica
etérea qual labirinto
para dizer o que sinto
e desvendar teu endereço
procuro em teu livro
secreto
palavras que não conheço
funk dance funk
a noite inteira in-Vento Joplin
na fagulha
jorrando Cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
Fábio parada de Lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.
rajadas de sons cortando os
ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.
quando ela canta Eleonora de
Lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de Lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e federika ensaia o passo
que aprendeu com Mallarmè
punkrEreção pancada
onde estão nossos negrumes?
nunkrEreção negróide nada.
descubro o irado Tião Nunes
para o banquete desta zorra
e vou buscar em Madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.
antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,
ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!
artefato (poema sujo)
numa cidade abstrata
sem sentido ou significado
matadouro é arte concreta
veracidade é pecado
pago com pena de morte
esta máquina de escrever
fotografada em Itaguara
como um poema de Lorca
escrito em Nova Granada
cravado em Araraquara
você não sabe onde está
você não sabe onde é
você não sabe de quem foi
este punhal na metáfora
que sangra a carne do boi
poema
18
respiro-te enquanto escrevo
teu cheiro trazido pelo vento
vem da carne de manga
que mastiguei cinco minutos
tens o poder de me deixar em alfa
e me levar aos píncaros
nesse estado êxtase
quando estou em transe quando alfa é beta
e o luar da tarde são teus olhos raios
que os meus
acerta
sou parte de um time onde a trama arde a carne treme a
paixão é transe a transa trêmula quando a carne trinca se o país
é treva a ideia tranca
a pedra filosofal na entranha das Minas de Pedro Paulo Pablo
cume de onde salto para o abismo do poema
a poesia é meta física
meta quântica
itaipu é um paraíso
dentro do que restou
da mata atlântica
Gigi Mocidade
Com Os
Dentes Cravados na Memória
FestCampos de Poesia Falada - Verdades e Equívocos
Primeiro, é bom lembrar que instituição alguma cria projeto.
Projetos são criados e executados por pessoas que em determinados momentos
ocupam função para tal, dentro de uma instituição pública ou privada. E no caso
de uma Instituição Cultural, age de acordo com a política cultural que os
Dirigentes da determinada instituição pretendem implantar ou seguir executando
o que foi pensado por gestões anteriores.
Segundo, alguns comentários que li, na imprensa e nos blogs
locais, citam outros Festivais de Poesia acontecidos anteriormente como se
fossem o FestCampos de Poesia Falada, é também como forma de desfazer este
equívoco que segue o relato, ao mesmo tempo me assusto, e entendo os porquês,
que nessa polêmica toda que se trava com relação ao FestCampos de Poesia
Falada, pela forma com que ele foi lançado para ser realizado este ano, a toque
de caixa, depois de sabermos que ele estava morto e enterrado, segundo o
presidente da Fundação Cultural Oswaldo Lima, Avelino Ferreira, por ordem do
Secretário de Cultura, Orávio de Campos, e até entendemos a resolução tomada no
inicio de suas gestões, por saber do esvaziamento e descaracterização que o
mesmo começou a ter a partir de 2005.
Por quê deixei a sua coordenação em 2005?
A partir da mudança do governo Municipal e mudança na direção da FCJOL, o FestCampos de Poesia Falada, passou a não ter mais a infra estrutura e condições orçamentárias necessária para realizar as Oficinas de Poesia Falada, que faziam parte do Projeto Original, não ter o reajuste na premiação, como vinha acontecendo até 2004, e nem os recursos para pagamento do trabalho de coordenação do mesmo, bem como para o pagamento das performances com música, poesia e teatro, que aconteciam durante os 3 dias em que era executado, nos intervalos de julgamento. Quem viu sabe do que estou falando, e Orávio e Avelino, também sabem, porque o primeiro várias vezes fez parte da Comissão Julgadora, e o segundo era o Fotógrafo da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, no período em que Fernando Leite foi o seu Presidente de 2000 a 2003, período em que o FestCampos de Poesia Falada, ganhou a projeção Nacional.
Por conhecer esta cidade como poucos, não estranho os
comentários totalmente equivocados e as desinformações sobre a sua criação e a
forma
como o FestCampos de Poesia Falada, era executado. Isso é
claro que se dá devido a falta de memória e o analfabetismo cultural da Aldeia
dos Goytacazes, o que é uma constante ao longo da sua existência. Na minha
opinião como o seu criador (em 1999), e coordenador até 2004, o FestCampos de
Poesia Falada, foi morto e enterrado desde 2005, quando começou a ser
totalmente esvaziado e não seguir a risca o projeto para o qual foi concebido.
E portanto se a atual gestão da FCJOL quisesse mesmo ressuscitá-lo, deveria
pelo menos ter conhecimento da sua proposta original.
O FestCampos de Poesia Falada originalmente, era realizado
em 3 fases: 2 semi-finais e uma final. Eram selecionadas 60 poesias, e em cada
semi-final apresentadas 30 poesias, e na grande final eram apresentadas as 30
finalistas.
Por se tratar de um concurso destinado a poetas de todo o
território nacional, e também por ter a sua fase de realização apresentada ao
vivo, nem sempre poetas de cidades mais distantes poderiam comparecer, e para
isso eram realizadas Oficinas de Poesia Falada para selecionarmos intérpretes
para as poesias selecionadas cujos autores não pudessem estar presentes.
Por isso o FestCampos de Poesia Falada era um incentivo a
criação e interpretação poética. A partir de 2005 quando deixei a coordenação
do mesmo, o Festival deixou de seguir essas normas da sua concepção.
Vale lembrar que em 1999 quando o FestCampos de Poesia Falada foi criado, a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, era presidida por Lenilson Chaves, e o prefeito era Arnaldo Vianna, e não Garotinho, como chegou a ser publicado em um dos comentários que li.
E é bom também frisar, que, anteriormente o evento de Poesia Falada, que a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, realizou de 1989 a 1992 chamava-se Encontro Nacional de Poesia em Voz Alta, criado pelo Professor João Vicente Alvarenga, no primeiro Governo Garotinho, quando a FCJOL era presidida por Cristina Lima.
Fui também seu coordenador em 1989 e 1990. Posteriormente passou a ser coordenado pelo jornalista e poeta Prata Tavares, que entre 1977 até meados dos anos 80 realizou pelo Departamento Municipal de Cultura um outro Festival de Poesia.
Não só a experiência de participar como poeta e como coordenador desses Festivais anteriores, mas também o trabalho com a Mostra Visual de Poesia Brasileira, que criei em 1983, e executei até 1993, quando comecei a mapear a criação poética brasileira contemporânea, e dessa forma ir travando contato com poetas de todos os cantos do pais, foi o que me deu condições de pensar o FestCampos de Poesia Falada, da forma que pensei, quando em 1999 fui convidado pelo professor Luciano D´Angelo para integrar a equipe de Lenilson que iria assumir a presidência da FJCOL.
Em 1999 e 2000 o FestCampos de Poesia Falada, foi realizado no Auditório do Cefet. E em sua primeira edição o vencedor foi o poeta e jornalista Fernando Leite. Em sua segunda edição em 2000 o grande vencedor foi o poeta paraibano Sérgio de Castro Pinto, com o poema Camões/Lampião, que posteriormente foi publicado na Antologia dos 100 Melhores Poemas do Século, organizada pelo jornalista José Nêumane Pinto. Um outro poeta ilustre premiado na primeira edição do FestCampos de Poesia Falada foi Gilberto Mendonça Teles.
A partir de 2001 o Festival passou a ser realizado no Palácio da Cultura, e nesse ano foi vencido pelo jornalista e poeta Martinho Santafé, com o poema Manual Para Assassinar Frangos, um longo e belíssimo relato sobre as enchentes do rio Paraíba.
Nesta fase o FestCampos de Poesia Falada já era considerado um dos maiores eventos de Poesia Falada do país, pois nunca deixara de receber menos de 500 inscrições, com a participação de grandes vozes da poesia brasileira contemporânea, o que serviu para ir alicerçando ainda mais as suas edições.
Em 2002 realizado junto a programação da Bienal do Livro o FestCampos de Poesia Falada, foi vencido pela filósofa e poeta Viviane Mosé, com o poema Receita Para Lavar Palavra Suja. A filósofa Viviane Mosé que até então não era um nome ainda muito conhecido na poesia, veio se popularizar posteriormente quando passou a dirigir o quadro Ser Ou Não Ser? No Fantástico.
Em 2003 foi a edição mais concorrida do FestCampos de Poesia Falada, não só em termos de inscrições como em termos da presença da quase totalidade os poetas classificados, de vários Estados do Brasil. O Vencedor deste ano foi Antônio Roberto Góis Cavalcanti(Kapi), com o poema Canção Amiga, que possibilitou ainda o prêmio de Melhor Intérprete a Felipe Manhães. Vale lembrar ainda a presença de Eliakin Rufino (autor), e Gean Queiroz, (intérprete) dois grandes poetas de Roraima, que foram também premiados com o poema Cavalo Selvagem.
Em 2004, último ano que coordenei o FestCampos de Poesia Falada, ele foi vencido pelo poeta paulista Luciano Carvalho, com o poema Bebe Toró. Em todas as edições do Festival, foi sempre maciça o número de inscrições de poetas de Campos e da região, e se nas fases de apresentação a presença desses poetas não se dava dessa forma, era exatamente devido a grande concorrência que ele atraia e a qualidade dos concorrentes.
Mas vale ressaltar, que bons poetas como Antônio Roberto Góis Cavalcanti, Aluysio Abreu Barbosa, Adriano Moura, e gratas revelações como Manuela Cordeiro e Fernanda Huguenin, tiveram várias vezes suas poesias não só classificadas para a Fase Final, bem como muitas vezes também premiadas, não justificando a tentativa muitas vezes depois que saí da sua coordenação, de torná-lo apenas regionalista para prestigiar os poetas de Campos.
Veja bem, se nas 6 edições que coordenei, 3 poetas de outras cidades foram os vencedores, Sérgio de Castro Pinto(João Pessoa), Viviane Mosé(Vitória), Luciano Carvalho(São Paulo), e 3 poetas de Campos também venceram, Fernando Leite, Antônio Roberto Góis Cavalcanti(Kapi) e Martinho Santafé, sem falar naqueles que foram premiados com outras colocações.
Vale lembrar também alguns nomes que passaram pelas Comissões Julgadoras das 6 Edições que coordenei, entre 1999 e 2004, como Arlete Sendra (doutora em Literatura), Orávio de Campos Soares(Diretor de Teatro), Cristiane Grando (poeta e escritora) , Leonardo Lobos (poeta chileno), Pedro Lira (Doutor em Literatura , Sady Bianchi (professor de Teatro na Faculdade Hélio Alonso), Deneval Siqueira(Doutor em Literatura), Amélia Alves,(poeta), Ednalda Almeida(mestra em Literatura) e tantos outros nomes com os mesmos níveis de conhecimento para a função como os acima citados.
Ressalto ainda, que as Comissões Julgadoras do FestCampos de Poesia Falada, no período em que o coordenei, eram sempre formadas por profissionais, da Literatura, do Teatro, e da Comunicação.
Artur
Gomes
FULINAÍMA MultiProjetos
www.centrodeartefulinaima.blogspot.com
COMO UM
RIO 2
No reino em que me enredo
e escavo a pedra dos ancestres --
dos que se hão infensos à jurisdição
do medo --sinto
crescer o trigo
entre matilhas;
sinto o rebento.
Dá-me esse cristal fendido
em sangue, dá-me
esse invento que grita
como a lágrima de Deus
sobre o cimento.
Sei onde brotam
as ervas bárbaras; sei
onde habita a fronteira
da ira.
E me aferro à terra mítica; a terra
da vida à granel,
das cabras pastando luas.
Dentro das mãos estão meus olhos --
atravessados de espanto.
SALGADO
MARANHÃO
comunhão de bem
meu santo no canto da sala
não se aquieta
inquieto como um gato
felino pula o muro no escuro
procurando a santa no harem
para juntos rezarem
em comunhão de bem
Federika
Bezerra
www.personasarturianas.blogspot.com
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