terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

quantas eras quantas anas

faroeste lamparão

para torquato neto – in memória

“agora não se fala mais
agora não se fala nada”

quando saí de casa
ia dar um tiro na cara do delegado
mas estava desarmado
estão me colocando em histórias
dos tempos do não sei onde
como se eu durando kid
comesse a filha do conde
nunca comi amarela
em cinema mexicano
muito menos a ruiva
do faroeste americano
disseram que eu tive caso de amor
que se tornou pernambucano
quando encontrei o poeta
no trailer do Ricardinho
foi me falando de mansinho
como se trampa uma batalha
pra não cair na armadilha
da grana palavra cilada

agora não se fala mais
agora não se fala nada

 

Artur Gomes Fulinaíma

www.arturkabrunco.blogspot.com




quantas eras quantas anas

 

estive em muitos lugares algumas páginas de livros jornais paredes e muros de cidades que nem mesmo conhecia. Me lembrava  agora de um poema do livro BrazilLírica Pereira: A Traição das Metáforas e da minha passagem por Santo André entre 1993 e 1997.

Lá conheci um músico mineiro de nome Alexandro Silva, mas que gostava de ser chamado de Naiman. Foram longos anos de parcerias musicais que,  algumas, estão gravadas no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, lançado em 2002. Em 1996, numa viagem que fizemos em um fusca para Campinas, onde eu fui dirigir uma Oficina de Criação de Artifícios no SESC, que me veio pela primeira vez a palavra Fulinaíma, talvez soprada por alguma divindade mística, que nem mesmo Freud explica.

 

Artur Gomes Fulinaíma

https://uilconpereira.blogspot.com/



Poétttica

Imburi – essa palavra estranha
só existe em são francisco
e me arrisco
a pensar que seja engano
o biscoito de polvilho
farinha branca no trilho
morreu mais um – menos nada
a tapioca na telha
e o sol sumiu na estrada

Artur Gomes Fulinaíma 

www.fulinaimagens.blospot.com




Jura Secreta 98


fosse quântico esse dia
calmo claro intenso inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria

mesmo que em meio a tarde
TROVOADAS tempestades
insanidades guerras frias
iniqüidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria

20 horas
20 noites
20 anos
20 dias

até quando esperaria?
até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria

Artur Gomes

www.secretasjuras.blogspot.com



Bolero Blue


beber
desse conhac em tua boca
para matar a febre
nas entranhas entredentes
indecente
é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é
que a fome desse beijo
furta qualquer palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai

Artur Gomes

www.fulinaimagens.blogspot.com

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