sábado, 18 de fevereiro de 2023

caldeirão de misturas

o que mais posso dizer
do que esconde
no teu corpo submersos?

o mar só vai salgar a pele
o sol só vai iluminar teus olhos

as células os pulmões
o fígado o estômago
só vão se alimentar
do que entra pela boca

pelos poros sai o líquido
acumulado que não presta
o que sobrou da nutrição

a dor da fome
só sente os que não comem
do que se alimenta teu corpo
quase morto de cansaço?


aqui o resultado de todas as misturas. caldeirão reflexões re-leituras. tudo o que respiro estravaso oro xingo extrapolo. a faca lâmina carnavalha. as coisas pintam as causas as tretas. as vezes desabafo com revolta vomito mesmo em silêncio vem o berro, o grito noutras com leveza ironia. todas as musa à flor da pele ou nuas em pelo. todas as blusas. os sonhos os absurdos os pesadelos. Jaguar Millôr me ensinaram muitas coisas em tempos de Pasquim do dia a dia e Ziraldo muito mais com seu menino maluquinho que ainda mora em mim


Jura Não secreta
p/ paulo leminski

quando a ciranda de roda
atravessou minha rua
com teus fogos de artifícios
pelos céus da tua boca

foi então que eu quis a lua
e disse então sem sabê-la
antes que ela me visse

e neste dia eu vi Alice
quando então ela me disse:

- foi neste chão que eu fiz Estrela


não me sigam não sou um
eu sou trezentos eu sou plural
estou nos meios nos terreiros nos centros eu sou o Zeus da Universal


nunca estive em Bagdá
mas adriana esteve


carnaval pra mim é vai que dá. estava voltando do desfile de blocos do Rio de Janeiro, no carnaval de 2005 e quando cheguei no apartamento em que estava hospedado em Botafogo, me deparei com uma mensagem no celular me convidando para dirigir um curso de Teatro em São Fidélis pela FAETEC.
foram 5 meses de encontros semanais com amigos e amigas que já faziam parte do grande rol de amizades que tenho naquela cidade. alguns ainda moradores da Cidade Poema, outros saíram para outra paragens, mas acabaram retornando a terra natal.
o carnaval a carnavalha nomes de musas que me perseguem de Dante a Chico Buarque todas todos os poetas já cantaram seu nomes e tem um que me acompanha desde a infância ainda na cacomanga, como também essa cicatriz que continua cravada na carne nos nervos como se fosse esfinge clarice/beatriz.

Artur Gomes
https://arturkabrunco.blogspot.com/


Jura Não secreta
p/ paulo leminski

quando a ciranda de roda
atravessou minha rua
com teus fogos de artifícios
pelos céus da tua boca

foi então que eu quis a lua
e disse então sem sabê-la
antes que ela me visse

e neste dia eu vi Alice
quando então ela me disse:

- foi neste chão que eu fiz Estrela

 

Artur Gomes

www.porradalirica.blogspot.com


Artur Gomes –

 O Poeta Enquanto Coisa

Andamos no presente como vagando sobre um território rumo a outro, o futuro, para onde olhamos (além do olhar atento à nossa paisagem, o agora), mas sem perder a ligação com os territórios de onde viemos, o passado, de onde nos enviam mensagens-cabogramas. Ocorre que, antes, essas mensagens pareciam trilhar cabos unificados, e hoje elas nos vêm por uma rede de miríades de fios entrelaçados, com origens várias, por wi-fi, mescladas aos arcaicos sinais de fumaça, batidas de tambor.

O poeta contemporâneo tão mais contemporâneo se torna quando, atento ao presente absoluto para pensar a direção de seus passos, fica também atento aos sinais do passado, não dispensando o gesto ameríndio de perscrutar nas matas o aproximar-se da civilização predatória (como os nativos norte-americanos encostavam o ouvido nos trilhos do trem) enquanto observa, na tela de seu dispositivo, a nuvem de futuros prováveis, nem todos gloriosos: assim um poeta se torna criador de mundos.

Artur Gomes performa, em “O poeta enquanto coisa”, a sua dança tribal em que diversos dados da tradição se mesclam em sua reinterpretação ancorada no hoje, o que sempre implica numa tomada de posição política do poeta, que brindamos aqui, com alegria, porque nos traz luz sobre um momento particular de trevas na vida civil.

É por estas vias que o liquidificador estético do poeta mistura antropofagicamente em suas iguarias-poemas, para que brindemos, deuses gregos com orixás, filosofia e orgia, mente e corpo, política e sexo, o corpo que precisa estar presente cada vez mais nos poemas, afastando quando possível os séculos de metafísica que nos oprimem. Evoé, Artur! Que seu canto ecoe pelos corações e mentes do presente e do tempo que virá.

Nuno Rau, arquiteto, professor de história da arte, tem poemas em diversas revistas literárias, e nas antologias Desvio para o vermelho, do Centro Cultural São Paulo, Escriptonita, que co-organizou, e 29 de Abril: o verso da violência. Publicou o livro Mecânica Aplicada, poemas, finalista do 60º Prêmio Jabuti e do 3º Prêmio Rio de Literatura. Ministra oficinas de poesia no Instituto Estação das Letras e é coeditor da revista mallarmargens.com

Disponível em pré-venda. Garanta já o seu:
https://www.editorapenalux.com.br/.../o-poeta-enquanto-coisa


sombras na parede as vezes me invocam falas delírios outros nem precisa tapa na pantera muitas vezes uma doze de conhac basta como quando editávamos o curta tropicalirismo Jiddu me colocou na mala da fama foquei lá e até hoje não achei outro endereço minha cama tem colchão de palha e a tua tem lençóis que não conheço


Primeiro de uma série está no AR - é só clicar no link baixar e navegar pelo coração do mato dentro - Gratidão mais uma vez ao grande amigo e parceiro Jiddu Saldanha, amizade e parceria que começou quando nos conhecemos em 1992 quando ele estava chegando de Curitiba no Rio de Janeiro.

Novo e-Books, esse eu fiz para o Artur Gomes, o poeta mais escrachado da geração 1970!

Acompanho a trajetória desse poeta a pelo menos 30 anos. Fizemos um e-Book arqueológico, o leitor vai garimpar seu vasto mundo na internet...

 http://bit.ly/PoemasParaTodasAsHoras



governantes de negócios

Aves de rapina
sobrevoam os céus
de Brazilírica
vender é grande jogo
dos governantes de negócio
não é metáfora metafísica
figura de lingaugem
e pura sacanagem
eles dão o golpe
na calada da noite
no romper da madrugada
vendem a coisa pública
porque gostam da privada

Cristina Bezerra


Tropicalirismo

Girassóis pousando
nu teu corpo: festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu fogo farto
lambuzando a uva de saliva doce

Artur Gomes

in Couro Cru & Carne Viva

www.suorecio.blogspot.com


utópica

o veneno agrotóxico
corrói minha carne
meu sangue
meus ossos
meu sexo

agro é pop
agro é tudo

agro é nojo
tá na globo

agro é corte
agro é crime
agro é morte

Cristina Bezerra


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