serAfim 6 - Artur Gomes Fulinaíma
em tudo aquilo que excita
salve meus erês meus eguns meus xangôs e meus exus salve meus oguns meus oxossis omulus salve iemanjás oxuns e iansãs todas as manhãs que ainda ardem minhas mordidas nas maçãs das coxas de nanãs
o que vai
de um lado da ponte
a outra
é o que sai da boca
o que entra é a língua
a que entorta
beija sem pedir licença
chupa morde goza
na entrada e na saída
sem ter adeus na despedida
A Traição das
Metáforas
em brazilírica pereira de campos ex-dos goytacazes
no presídio federal a rainha das artes
cínicas federika bezerra esfola um cordeiro a unha e desafia macabea a estrela
que não sobe para uma cena melodramática no pasto das oliveiras
“gosto de sentir a minha língua roçar a língua de luís de camões gosto de ser e
de estar e quero me dedicar a criar confusões de prosódia e uma profusão de
paródias que encurtem dores e furtem cores como camaleões” (caetano veloso)
zé do burro carregava sua cruz misticamente enquanto rosa sua mulher adúltera
prevaricava no terreiro dançando ao som dos atabaques em louvor a iansã
foi aí que macabea deu o troço:
- não admito poeta no presídio fazendo filme pornô mas enquanto falava seus
olhos esbugalhados não cansavam de
olhar a rosa gozando descaradamente da sua cara de santa do pau oco
pessoas fingem que vivem quando não gozam federika não - goza da cara cínica do cordeiro sendo
destrinchado no anquete antropofágico em homenagem a oswald de andrade na porta
do teatro trianon enquanto o poeta pornô desflauda sua bandeira nua e crua
descabaçando as flores da rua espuma/esperma semeia e o corpo despido da prosa
grafita na lua cheia
se eu não fosse macunaíma
fulinaíma também não seria
por qualquer coisa que fosse
poeta não caberia
mesmo se filho eu fosse
de uma santa maria
afilhado de grande otelo
neto da romaria
e quando ao mundo eu viesse
em outro lugar não podia
tinha que ser cacomanga
onde EU então nasceria
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