sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

serAfim 6 - Artur Gomes Fulinaíma

 

serAfim 6 - Artur Gomes Fulinaíma

 

 talvez não tenha lógica o que escrevo minha escrita grita do inconsciente coletivo vivo re-par-ti-do em três em quatro em  cinco em seis em  sete quem não conhece não se mete

                em tudo aquilo que excita


salve meus erês meus eguns meus xangôs e meus exus salve meus oguns meus oxossis omulus salve iemanjás oxuns e iansãs todas as manhãs que ainda ardem minhas mordidas nas maçãs das coxas de nanãs

 

 irreverência ou morte disse gigi mocidade pra federico baudelaire homem com flor na boca mestre/sala dos mares mocidade independente de padre olivácio e escola de samba oculta no inconsciente coletivo não fujo do perigo no asfalto o beijo sujo é preciso estar atento e forte não temos tempo de temer a morte disse-me caetano na canção tropicalista o genocida  anda solto não podemos nos perder de vista

 

 tenho andado vermelho de sangue caranguejos explodem no mangue boca da barra guaxindiba gargaú balas pipocas nos becos na corda bamba do hemisfério sul tenho andado nas tralhas das trilhas vendo fantasmas nos telhados e o caroço desse angu nas entrelinhas dos tratados com cascavel surucucu quem foi que disse que essa terra é santa ? quem foi que disse que isso aqui é ilha? só pode ser filha da outra a que pariu o boi zebu

 

 linguagem


o que vai
de um lado da ponte
a outra
é o que sai da boca

o que entra é a língua
a que entorta
beija sem pedir licença
chupa morde goza
na entrada e na saída

sem ter adeus na despedida


A Traição das Metáforas

em brazilírica pereira de campos ex-dos goytacazes no presídio federal  a rainha das artes cínicas federika bezerra esfola um cordeiro a unha e desafia macabea a estrela que não sobe para uma cena melodramática no pasto das oliveiras

“gosto de sentir a minha língua roçar a língua de luís de camões gosto de ser e de estar e quero me dedicar a criar confusões de prosódia e uma profusão de paródias que encurtem dores e furtem cores como camaleões” (caetano veloso)

zé do burro carregava sua cruz misticamente enquanto rosa sua mulher adúltera prevaricava no terreiro dançando ao som dos atabaques em louvor a iansã

foi aí que macabea deu o troço:

- não admito poeta no presídio fazendo filme pornô mas enquanto falava seus olhos 
esbugalhados não cansavam de olhar a rosa gozando descaradamente da sua cara de santa do pau oco


pessoas fingem que vivem quando não gozam federika não -  goza da cara cínica do cordeiro sendo destrinchado no anquete antropofágico em homenagem a oswald de andrade na porta do teatro trianon enquanto o poeta pornô desflauda sua bandeira nua e crua descabaçando as flores da rua espuma/esperma semeia e o corpo despido da prosa grafita na lua cheia

 

se eu não fosse macunaíma

fulinaíma também não seria
por qualquer coisa que fosse
poeta não caberia
mesmo se filho eu fosse
de uma santa maria
afilhado de grande otelo
neto da romaria
e quando ao mundo eu viesse
em outro lugar não podia
tinha que ser cacomanga
           onde EU então nasceria


https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

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