terça-feira, 30 de julho de 2024

Artur Gomes na Varanda Sustentável - 4 de Agosto

Artur Gomes – Dia 4 agosto na Varanda Sustentável de 11 às 18hs – Rua Severino Lessa, 149 – Turf Clube – Campos dos Goytacazes-RJ

Jura Secreta 45 

fulinaimagem

por enquanto 

vou te amar assim em segredo 

como se o sagrado fosse

o maior dos pecados originais

e minha língua fosse 

só furor dos Canibais 

 

e essa lua mansa fosse faca 

a afiar os versos que inda não fiz 

e as brigas de amor que nunca quis  mesmo quando o projeto  aponta

outra direção embaixo do nariz 

e é mais concreto

que a argamassa do abstrato 

 

 por enquanto vou te amar assim  admirando teu retrato 

pensando a minha idade 
e o que trago da cidade 

embaixo as solas dos sapatos 

 

 o que trago 

embaixo as solas dos sapatos é fato 
bagana acesa  sobra  do cigarro

 é sarro 

dentro do carro  ainda ouço

 Jimmi Hendrix  quando quero 

 dancei bolero

 sampleAndo rock and roll 

pra colher lírios 
há que se por o pé na lama 
a seda pura foto síntese do papel 

tem Flor de Lótus nos bordéis Copacabana 
procuro um mix da guitarra de Santanna 
com os espinhos da Rosa de Noel 

 

Artur Gomes

poema do livro Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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com os dentes cravados na memória

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domingo, 28 de julho de 2024

com os dentes cravados na memória

Lado B – Lado A 

O lado B sempre conta uma história que mesmo sendo a mesma o lado A não tem coragem de contar assim como marisa pode ser mim mesma federico baudelaire também pode ser federika lispector euGênio mallarmé rúbia querubim todos serAfim do mesmo canibalismo tupiniquim  desses templos trevosos que mostram escancaradamente onde foi parar a humanidade não apenas estes mas também os outros nove se debatem na estrada do desespero procurando a fresta alguma luz no fim do túnel nos telhados de assombradado ou nas vozes de lobisomens que ecoem dentro das paredes do hotel amazonas afogadas que foram nas águas do paraíba quando ainda império galvez passou por aqui

 

Irina Severina

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com os dentes cravados na memória

 

Relendo Marília de Dirceu pela vigésima vez, percebo que o Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim, começou a ser escrito em Ouro Preto-MG no ano de 1990 e já previa a queda de collor da presidência da República, pela ala revolucionaria  da Inconfidência Mineira, o registro está no samba/enredo: Federika Bezerra: A Porta Bandeira Que Bortou Olivácio Doido.

Portanto queridos e queridas, o livro não é um olhar único e exclusivo na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, como muitos já me perguntaram. Na verdade é um olhar de 12 personagens, pelos territórios por onde pisaram ou sonharam e nas páginas brancas do papiro agora se  encontram num grande  banquete canibalesco,  com referências múltiplas de vidas vividas por terras, ou nesses  tenebrosos mares/bares  “nunca dantes navegados”.  

 

Artur Fulinaíma (Kabrunco)

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para desejar bom dia

escrevo uma profecia:

alegria é a prova dos nove

é quem promove a alquimia

 

Artur Gomes

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com os dentes cravados na memória


Federika Bezerra: A Porta/Bandeira que Bortou Olivácio Doido
Samba/Enredo do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta no Inconsciente Coletivo  no carnaval de 1993 - em 1995 integrou o repertório do projeto Retalhos Imortais do SerAfim - Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim - Realizado pelo SESC-SP


Em

mil novecentos e vinte e cinto

na noite de orgias satanazes

um raio de trovão incandescente

rachou a igreja em Goytacazes

um vulto do despacho então desceu

movido por farol de grande luz

tocou na pedra quebrou cruz

a Rainha do fogo dessa gente 


Federika
de ouro azul e prata
na porta da igreja foi parida
criada pelo Padre Olivácio
que logo depois lançou na vida
aos cindo de idade encantada
foi pega masturbando em sacristia
por causa de um sonho com o príncipe
DuBoi da mais sagrada putaria

Expulsa
da cidade foi pra longe
cresceu entre os jardins de JardiNÓpolis
mas se você pergunta Freud Explica:
- o seu palácio agora é em Petrópolis

Aos
dezenove plena de alegria
conheceu Gigi da Bateria
na porta do Beco de Satã
na festa federal do Bar da Lama
a Deusa dos Lençóis de toda cama
sorrindo para ver como é que fica
dá um corte na história
inverte o drama
e transforma Ouro Preto em Vila Rica

e assim vamos cantar em verso e prosa

a saga dessa deusa de  Iansã

que em busca da mordida na maçã

sonhava encontrar Guimarães Rosa 



Viemos
do SerTão para os seus braços
porque a Mocidade Independente
é a mais fina e pura Flor do Lácio
afilhada do secular Padre Miguel
e fiel ao seu pai Padre Olivácio
e para completar a grande roda
trazemos o cacique Pau Brasil
o centenário Oswald de Andrade
filho da paulicéia que pariu!

Passando pelas bandas do Catete
dançando na maior intensidade
macumba com o índio brasileiro
nossa Ex-Cola campeã da liberdade

Federika engravidou o grafiteiro
do famoso cacete Samaral
que escrevia pelos muros da cidade:
Mocidade já ganhou o Carnaval!

e assim vamos cantar na grande roda
tudo o que deu e o que não deu
o dia que um pastor bem collorido
pensou ser pai de santo e se fudeu!

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com os dentes cravados na memória

 

Marília de Dirceu

Aproveitando o tempo disponível para beber esse clássico da Poesia Brasileira em busca de mais referências  para  o Vampiro Goytacá que conheci em Ouro Preto onde criei a Mocidade Independente de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta no Inconsciente Coletivo - Marília de Dirceu foi   quem inspirou Gigi Mocidade a Rainha da Bateria e Federika Bezerra a Porta/Bandeira do desfile de 1992.

*

Marília de Dirceu reúne a maior parte da breve produção literária de Tomás Antônio Gonzaga. As liras que compõem esta obra, muito além de um extravasamento amoroso, são um diálogo com os acontecimentos políticos, sociais e artísticos testemunhados pelo poeta e foram compostas, em parte, em seu período de cárcere, que antecedeu ao exílio.

Marília de Dirceu influenciou toda literatura brasileira vindoura, prenunciou o Romantismo e tornou-se um dos mais importantes clássicos de nossa língua.

Num período em que o Brasil era parte do Império Português e em que literatura brasileira e portuguesa ainda não se distinguiam, o autor deu alguns dos primeiros passos rumo a uma literatura nacional.

Tomás Antônio Gonzaga nasceu na cidade do Porto, Portugal. Ainda criança, mudou-se com a família para Recife. Foi um poeta luso-brasileiro. Ainda adolescente voltou ao país natal e cursou Direito. Tornou-se juiz e retornou ao Brasil em 1782. Ocupou o cargo de ouvidor de Vila Rica, atual Ouro Preto. Em 1789, foi acusado de envolvimento com a Inconfidência Mineira.

Preso, condenado ao exílio em Moçambique, estava noivo de Maria Doroteia, possivelmente a “Marília de seus versos. Gonzaga teve uma vida rica e ponderada durante o exílio, tornando-se advogado. Ele morreu por volta de 1810.

 

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domingo, 14 de julho de 2024

múltiplas poéticas

A arte e o seu templo

 

“e fosse o poema a dança oculta de uma  fala por baixo do silêncio, acima dos murmúrios de um pássaro a voar além do que traduzo”.

 

Igor Fagundes

In Pensamento Dança – tese de doutorado em Letras (UFRJ) 

* 

A arte expressa através do tempo

a história universal da humanidade

a veracidade, em cada pensamento

                         do homem e sua hora

 

a arte dança

pinta

encena

escreve filma

foto.grafa

fala

a arte não cala

 

explora invoca provoca

insiste resiste

clareia o templo escuro

arma/dura do humano

pra tatear o seu presente

tentar prever o seu futuro

 

enquanto escrevo

o pensamento dança

cada palavra voa

nesse corpo nem um pouco  santo

o riso pode vir do pranto

a lágrima pode descer do riso

na dupla face que carrego

todo sentimento  vem comigo

 

hoje nesse palco Trianon

em seus 26 anos de memórias

nesse poema falo  fotografo

danço escrevo quanto de bom

                       tem nessa história

metáforas em suas nuances

retrato em uma folha

a sua mais perfeita linha

a arte de suas performances 

 

eu te desejo flores lírios brancos 
margaridas girassóis rosas vermelhas 
e tudo quanto pétala 
asas estrelas borboletas 
alecrim bem-me-quer e alfazema 

eu te desejo emblema 
deste poema desvairado 
com teu cheiro teu perfume 
teu sabor teu suor tua doçura 

e na mais santa loucura 
declarar-te amor até os ossos 

eu te desejo e posso : 
palavrArte até a morte 
enquanto a vida nos procura 

 

Artur Gomes

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Jura secreta 23 

a lavra da pa/lavra quero

1

 

a lavra da palavra quero 
quando for pluma 
mesmo sendo espora 

felicidade uma palavra 
onde a lavra explora 
se é saudade dói mas não demora 
e sendo fauna linda como a Flora 
lua Luanda vem não vá embora 


se for poema fogo do desejo 
quando for beijo que seja como agora 

2

 

a lavra da palavra quero 
seja pele pluma

onde Mayara bruma 
já me diz espero 

saliva na palavra espuma 
onde tua lavra é uma 
elétrica pulsação de Eros 

a dança do teu corpo vero 
onde tu alma luna 
e o meu corpo empluma 
valsa por Laguna em beijos e boleros 

 

Artur Gomes

Do livro Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

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           Lado B – Lado A

 

O lado B sempre conta uma história que mesmo sendo a mesma o lado A não tem coragem de contar assim como marisa pode ser mim mesma federico baudelaire também pode ser federika lispector euGênio mallarmé rúbia querubim todos serAfim do mesmo canibalismo tupiniquim  desses templos trevosos que mostram escancaradamente onde foi parar a humanidade não apenas estes mas também os outros nove se debatem na estrada do desespero procurando a fresta alguma luz no fim do túnel nos telhados de assombradado ou nas vozes de lobisomens que ecoem dentro das paredes do hotel amazonas afogadas que foram nas águas do paraíba quando ainda império galvez passou por aqui

 

Artur Fulinaíma

Do livro Inédito: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim

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Prefácio

 

Obra poética necessária, tive a grata surpresa de ser convidada a realizar a leitura sensível e fazer o prefácio de “O Peito Perfurado da Terra”. Yara  Fers é poeta de repertório e capacidade  para dar à luz este livro, que tem o diferencial de apresentar o humano como natural, perfurando uma chaga aberta com a potência dos versos.

 

A obra trata da conexão imbricada entre  ser humano e meio ambiente, com foco nos danos queriam decorrentes da exploração do sal-gema pela mineradora Braskem, desde a década de 1970 em Maceió, capital das minhas Alagoas, danos que atingiram, principalmente, os bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto, em evidência a partir do abalo de terra de março de 2018.

 

O título é direto. Quem ler “O peito perfurado da terra” sabe que vai encontrar uma obra a despertar sua sensibilidade e tocar a racionalidade essencial ao pensamento crítico. Nada mais bem-vindo em tempos de discussões acirradas sobre mudanças climáticas, migrações causadas por alterações no meio ambiente e gradual escassez de recursos naturais que sustentam a vida – incluídos os seres humanos – há tantas gerações.

 

De início, destacam-se a pertinência e a relevância da obra, pela urgência do tema e recenticidade do evento específico que a motivou. O texto de abertura (“o afundamento”), sinaliza a que veio “O peito perfurado da terra”. Poema estruturante acerca da temática principal do projeto, o poema denuncia:

 

já havia relatório afirmando que o local era inapropriado.

relatório ignorado (...)

(...) a população não foi consultada,

a empresa  se redime de responsabilizações futuras

e fica com a posse dos imóveis desabitados.

(...) já ganhou e ganhará mais ainda com a tragédia.

tudo feito com anuência e fiscalização dos órgãos públicos.

 

Entretanto, não se engane a pessoa leitora. A expansão do dizer chega a outras ações que alteram profundamente  a natureza e a vida humana como parte dela. Os versos seguem ampliando a visão socioambiental, com a universalização da mensagem. O registro dos danos causados pelas guerras, por exemplo, escancara a conexão entre o bicho humano e  o planeta.

 

A artesã das palavras, a autora sabe ser direta e sabe ser sutil. Recursos diversos desfilam em sua obra, com figuras de linguagem e estética impecáveis. A diversidade da letra poética  de Yara brinda quem lê  com toda uma gama de possibilidades, do poema mais narrativo ao metalinguístico, expandindo a função máxima da poesia: apresentar o mundo de outra forma.

 

A estética também é uma marca, desenhando a forma por trás do conteúdo lírico. É a dor da terra perfurada, os versos que escorrem como água-lágrima da lagoa envenenada, e também a tessitura-célula do “filé”, arte manual das rendeiras alagoanas, uma inspiração. Em “furo”, temos a completude, em “desestrutura do solo” e “fissura”, a especificidade e a forma apurada; “cidade-corpo” traz a ecopoesia manuelina, como já exibida em “tremor”, em que se reverá o buraco desse corpo-natureza atingido de morte:

 

e então

o oco do peito

ferido da cidade

inspirou fundo

um suspiro triste

 

sugando a superfície

 

o corpo que

eras atrás

ergueu músculos de falésias

(...)

 

Iniciei este prefácio tratando da boa surpresa sobre a obra. Contudo, o melhor, se é possível assim me referir à minha satisfação, confirmou-se ao final da leitura: há esperança. Na seara da poesia da natureza, mostram-se a reflexão de “refundação” e a reconciliação de “reverência”, um suspiro para o refazimento da natureza, além do humano.

 

ouvir as histórias

que as camadas sedimentares do solo

têm pra contar

(...)

reparar na sinfonia

que se compõe

entre o sabiá, as folhagens e o vento

(compreender que somos

                  parte da música)

(..)

 

Entre se restringir à dor ou apostar no futuro, por não sermos paisagem, mas fruto e semente, a poeta faz uma opção clara, porém consciente de que a natureza pode prescindir do bicho que a destruiu.

 

Maceió, 02 de abril de 2024.

 

                Milena Maria Testa

                                   Escritora

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Pátria A(r)mada 

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Yara Fers, é paulista de Ribeirão Preto, mora na Bahia. Vive de escrita e literatura, atuando como editora, professora e mentora de escrita. Criou a editora Apilhera, de livros artesanais. É editora de comunicação do Portal Fazia Poesia. Possui graduação em Comunicação Social e Especialização em Teoria da Literatura e Produção Textual. 

Joaquim Branco - Zona de Conflito

 

             A Mosca Azul

 

Descoberto há pouco no Brasil

um mosquito capaz

de emitir uma forte luz azul.

 

De dentro da Mata Atlântica

essa é a primeira espécie

na América do Sul, onde só há

as que emitem cores

verde, amarelo e vermelho.

 

Cientistas brasileiros

abrem caminho para novas pesquisas,

tão dificultadas ultimamente.

 

São novas cintilações

que teimam em aparecer

em florestas que soem ser muito ricas,

mas tão ignoradas por alguns,

mordidos por outra mosca azul...

 

Joaquim Branco

In Zona de Conflito

Edição do Autor – Cataguases-MG – 2023

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Mostra Visual De Poesia Brasileira

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Juras Secretas

  ainda que fosse só saudade ou essa jura secreta não fosse mais nada mesmo assim nessa madrugada pensei o quanto ainda queria e não fizemos...